Representantes da FNP e da FUP se reúnem com Embaixador do Irã e estabelecem um canal de diálogo sobre relações trabalhistas e soberania energética
Encontro na Embaixada da República Islâmica do Irã em Brasília foi motivado por carta enviada pelas direções da FNP e da FUP ao presidente Lula pedindo suspensão de suprimentos energéticos a Israel
Na manhã de terça-feira (1/7), o secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Adaedson Costa, e o diretor de seguridade da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Paulo César Martin, participaram de uma reunião com o embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam Ghadirli, na sede diplomática do país árabe, em Brasília (DF).
O encontro marcou o início de um canal de diálogo entre trabalhadores do setor de petróleo brasileiro e autoridades iranianas, com foco em temas trabalhistas e de soberania energética.
A iniciativa do encontro de hoje partiu do próprio embaixador, em agradecimento à carta pública enviada pelas duas federações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 28 de maio de 2025.
No documento, FNP e FUP exigem a suspensão da exportação de petróleo e outros insumos energéticos ao Estado de Israel, diante das constantes violações de direitos humanos cometidas na Faixa de Gaza, especialmente contra civis, sobretudo mulheres e crianças palestinas.
“O embaixador nos recebeu com muita atenção e agradeceu a posição humanitária das federações. A partir da carta, iniciamos uma conversa franca sobre a geopolítica do petróleo e as relações internacionais que envolvem os trabalhadores do setor”, comentou Adaedson Costa.
Geopolítica, petróleo e relações trabalhistas
Durante o encontro, o embaixador Ghadirli compartilhou o histórico de hostilidades dos Estados Unidos e de Israel contra o Irã, especialmente após a nacionalização das reservas de petróleo e o fortalecimento do programa nuclear do país.
Segundo o diplomata, o objetivo do programa é exclusivamente pacífico e voltado ao desenvolvimento econômico e energético do Irã.
O embaixador destacou ainda que, inicialmente, as usinas nucleares iranianas foram construídas com apoio norte-americano, antes da Revolução Islâmica em 1979.
A mudança na política externa, segundo ele, começou após o Irã assumir o controle soberano sobre sua produção de petróleo.
“Ressaltamos as similaridades históricas com o Irã, com relação as agressões do imperialismo americano, quando o governo brasileiro, principalmente no governo Lula, buscou e ainda busca, a sua soberania energética, tanto em relação a produção de petróleo, quanto à energia nuclear”, afirmou Paulo César ao embaixador do Irã.
Outro ponto de destaque na conversa foi a troca de informações sobre as relações entre capital e trabalho no setor de óleo e gás, os modelos e formatos praticados, convergências e divergências que acontecem tanto no Brasil quanto no Irã, seja para trabalhadores onshore ou offshore.
“Não foi uma conversa sobre a guerra, religião ou o regime político iraniano. O foco foi a soberania energética, a organização dos trabalhadores e o papel dos sindicatos diante desses temas”, pontuou Adaedson Costa.
Canal aberto para futuras pautas trabalhistas, a embaixada iraniana sinalizou disposição para manter e aprofundar o diálogo com os trabalhadores petroleiros brasileiros, colocando-se à disposição para receber futuras demandas relacionadas ao setor ou outras questões que consideramos pertinentes.
“Esse encontro foi importante para a troca de informações e a aproximação do movimento sindical petroleiro brasileiro com um dos maiores países do Oriente Médio produtor de petróleo”, concluiu Paulo César.
O embaixador do Irã colocou a embaixada à disposição para novos encontros e convidou os representantes das entidades para o Dia Nacional do Irã, que ocorre no mês de fevereiro.
Ao final, todos os dirigentes reafirmaram a total solidariedade dos trabalhadores ao povo palestino e do Irã, e o repúdio às agressões dos Estados Unidos e de Israel.
O encontro reforça o papel político das entidades sindicais brasileiras na arena internacional, conectando os desafios locais do setor de óleo e gás às disputas globais por soberania, justiça social e direitos humanos.
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