3 October 2025
2025/09/25 - 20:41
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Presidente da República Islâmica do Irã Masoud Pezeshkian discursa na 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU

O presidente Masoud Pezeshkian afirmou que a verdadeira segurança não se conquista pela força mas sim pela construção de confiança pela cooperação regional e pelo respeito mútuo. Falando na 80ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque nesta quarta-feira Pezeshkian descreveu os ataques militares dos Estados Unidos e do regime israelense contra o Irã como uma grande traição à diplomacia e à paz. Ele também condenou o genocídio em Gaza e o conceito do chamado “Grande Israel”.

Irã busca uma região onde o poder seja alcançado por meio da paz: Presidente Pezeshkian

O presidente Masoud Pezeshkian afirmou que a verdadeira segurança não se conquista pela força, mas sim pela construção de confiança, pela cooperação regional e pelo respeito mútuo.

Falando na 80ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, nesta quarta-feira, Pezeshkian descreveu os ataques militares dos Estados Unidos e do regime israelense contra o Irã como uma grande traição à diplomacia e à paz. Ele também condenou o genocídio em Gaza e o conceito do chamado “Grande Israel”.

Durante seu pronunciamento, o presidente Pezeshkian apresentou as posições da República Islâmica do Irã, afirmando que os países ocidentais atuaram para destruir o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), que eles mesmos consideravam sua maior conquista na diplomacia multilateral. Ele reiterou que o Irã nunca buscou construir uma bomba nuclear e não o fará.


Texto integral do discurso do presidente:

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

Senhor Secretário-Geral;
Senhora Presidente;
Ilustres Representantes;
Senhoras e Senhores;

O lema deste ano, “Oitenta anos e mais em prol da paz, do desenvolvimento e dos direitos humanos”, é de fato um chamado à solidariedade e a uma visão compartilhada por um futuro melhor.

Nossas crenças religiosas e a mensagem de todos os profetas baseiam-se na igualdade de direitos de todos os seres humanos. O que torna uma pessoa mais digna é a piedade, que significa honestidade, sabedoria, pureza e altruísmo.

O fundamento de todas as religiões divinas e da consciência humana é a regra de ouro: “Não faças aos outros aquilo que não desejas que façam a ti.”

  •      Jesus Cristo disse: Tratai os outros como quereis ser tratados.
  •      O Profeta do Islã disse: Nenhum de vós crê verdadeiramente até que deseje para os outros o que deseja para si mesmo.
  •      Hillel resumiu a Torá dizendo: O que é odioso para ti, não o faças aos outros.
  •      Nas tradições orientais, este ensinamento central também é preservado.
  •      E as escolas éticas seculares chegaram à mesma conclusão com base na racionalidade e na consciência.

 

Excelências;

O mundo em que vivemos corresponde a esse ideal? Observemos os últimos dois anos:

Nestes dois anos, o mundo testemunhou:

  •       O genocídio em Gaza;
  •       A destruição de casas e repetidas violações da soberania e integridade territorial no Líbano;
  •       A destruição da infraestrutura da Síria;
  •       Os ataques ao povo do Iêmen;
  •       A fome forçada de crianças frágeis nos braços de suas mães;
  •       Atentados contra a soberania e a integridade territorial de Estados, além da execução de líderes nacionais;

— tudo isso com o total apoio do governo mais armado do mundo, sob o pretexto de “autodefesa”!

Aceitariam isso para si mesmos?

Quem é que desestabiliza a região e o mundo?

Quem representa uma ameaça à paz e à segurança internacionais?

Os ataques aéreos do regime sionista e dos Estados Unidos contra cidades, residências e infraestrutura do Irã — justamente em um momento em que avançávamos nas negociações diplomáticas — constituíram uma grande traição à diplomacia e minaram os esforços para o estabelecimento da estabilidade e da paz. Essa agressão descarada, além de martirizar vários comandantes, cidadãos, crianças, mulheres, cientistas e intelectuais do país, desferiu um duro golpe na confiança internacional e nas perspectivas de paz na região.

 O que se vê nesse assassinato e crime é o massacre de crianças, mulheres e homens — um registro do genocídio que Israel impôs a todo um povo em nosso país, atingindo homens, mulheres e crianças. Em nome da paz e da segurança, criaram instabilidade, resultando na morte de 35 mil pessoas inocentes em Gaza, destruindo suas casas, hospitais, clínicas e escolas, além de bloquear o acesso à água, alimentos, pão e remédios.

Se não nos opormos a essas violações perigosas, tais precedentes se espalharão pelo mundo:

  • Ataques a instalações nucleares sob salvaguardas internacionais,
    • Tentativas abertas de assassinar líderes e autoridades de Estados-membros da ONU,
    • Alvo sistemático em jornalistas e profissionais da mídia,
    • E assassinato de indivíduos rotulados como “alvos militares” apenas por causa de seu conhecimento e expertise.

 Vocês aceitariam isso para si mesmos?

Aqueles que cometeram esses crimes devem saber que o Irã, a civilização contínua mais antiga do mundo, sempre permaneceu firme diante das tempestades da história. Esta nação, de grande espírito e vontade duradoura, já provou repetidamente que não se curva a invasores e, hoje, confiando no poder da fé e na unidade nacional, ergue-se altiva contra os agressores.

Durante a defesa de 12 dias, o povo patriótico e corajoso do Irã desmascarou as ilusões dos agressores. Os inimigos do Irã, sem querer, fortaleceram a sagrada unidade nacional. Apesar das sanções econômicas mais severas, prolongadas e pesadas, da guerra psicológica e dos esforços contínuos para criar divisão, o povo iraniano se uniu em apoio às suas forças armadas valentes assim que o primeiro tiro foi disparado em seu solo — e continua a honrar o sangue de seus mártires.

Gostaria de agradecer sinceramente, em nome do povo iraniano, a todas as personalidades, nações, governos e organizações internacionais e regionais que demonstraram solidariedade com o Irã durante esta guerra.

Senhoras e senhores,

Hoje, após quase dois anos de genocídio, fome forçada, continuidade do apartheid nos territórios ocupados e agressões contra vizinhos, o plano absurdo e delirante do “Grande Israel” é anunciado de forma descarada pelos mais altos escalões desse regime.

Esse plano abrange muitos territórios da região. Este mapa reflete os verdadeiros objetivos e intenções do regime sionista, recentemente confirmados por seu primeiro-ministro. Ninguém no mundo está a salvo das intenções agressivas desse regime.

Está claro que o regime sionista e seus apoiadores já não se satisfazem com uma mera normalização política; eles impõem sua presença pela força nua e crua, chamando-a de “paz pelo poder”. Mas isso não é nem paz, nem poder; é agressão baseada em intimidação e tirania.

Nós, ao contrário, queremos um Irã forte, junto a vizinhos fortes, em uma região forte e com um futuro promissor.

Defendemos uma visão compartilhada e esperançosa contra o grande projeto que impõe genocídio, destruição e instabilidade à região:

  •       Uma visão que garanta segurança coletiva por meio de mecanismos reais de cooperação defensiva e respostas conjuntas às ameaças,
  •       Uma visão que valorize a dignidade humana e a diversidade cultural como fundamentos,
  •       Uma visão que concretize o desenvolvimento coletivo por meio de investimentos conjuntos em infraestrutura e conhecimento moderno,
  •       Uma visão que trate a segurança energética e a exploração justa de recursos vitais como pilares da estabilidade econômica,
  •       Uma visão que proteja o meio ambiente para as futuras gerações,
  •      Uma visão que trate a soberania nacional e a integridade territorial como princípios inegociáveis,
  •      Uma visão que não busque a paz pela força, mas sim o “poder pela paz”.

Nessa região forte, não há lugar para mortes e derramamento de sangue. Há anos, meu país tem sido um dos mais firmes defensores da criação de uma região livre de armas de destruição em massa. No entanto, aqueles que possuem os maiores arsenais nucleares — e que continuam a tornar suas armas mais letais e destrutivas, em flagrante violação do TNP — têm submetido nosso povo a pressões com acusações infundadas há anos.

Na semana passada, três países europeus, depois de falharem em subjugar o orgulhoso povo do Irã com uma década de traições e apoio à agressão militar, tentaram, a mando dos Estados Unidos, restabelecer as resoluções do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã por meio de pressão, intimidação, imposição e abuso flagrante.

Nesse processo:

  •      Deixaram de lado a boa-fé,
  •      Contornaram obrigações legais,
  •       Retrataram as ações legais de compensação do Irã — em resposta à retirada dos EUA do JCPOA e ao fracasso absoluto da Europa — como “graves violações”,
  •      Apresentaram-se falsamente como “partes respeitáveis” do acordo,
  •      Rotularam os esforços sinceros do Irã como “insuficientes”.

Tudo isso visava destruir justamente o JCPOA, que eles próprios haviam considerado sua maior conquista da diplomacia multilateral. Essa ação ilegal — que enfrentou oposição de alguns membros do Conselho de Segurança — carece de legitimidade internacional e não obterá apoio da comunidade global.

Mais uma vez, declaro nesta assembleia: o Irã nunca buscou construir armas nucleares e não o fará. Não buscamos armas nucleares, e isso é questão de crença e de uma fatwa de nosso Líder; portanto, nunca perseguimos tais armas de destruição em massa e não o faremos.

Na situação em que Israel desestabiliza a paz na região, é o Irã que deve ser sancionado. Temos um ditado que diz: “Um ferreiro em Balkh cometeu um pecado, e enforcaram um latoeiro em Shushtar.” Assim, enquanto uns causam desordem na região, outros são injustamente sancionados.

Senhoras e senhores,

A República Islâmica do Irã saúda a paz e a estabilidade. Acreditamos que o futuro da região e do mundo deve se basear na cooperação, na confiança e no desenvolvimento mútuo.

Nesse sentido:

  •      O Irã apoia o processo de paz entre a República do Azerbaijão e a República da Armênia,
  •      O Irã espera que os esforços para encerrar a guerra na Ucrânia resultem em um acordo justo e sustentável entre a Rússia e a Ucrânia,
  •       O Irã acolhe o pacto de defesa entre os dois países muçulmanos irmãos, Arábia Saudita e Paquistão, como um início para um sistema abrangente de segurança regional, com a cooperação dos países muçulmanos da Ásia Ocidental nos âmbitos político, de segurança e de defesa,
  •       Por fim, condenamos a agressão criminosa do regime israelense contra o Catar, que levou ao martírio de vários cidadãos palestinos e catarianos, e expressamos nosso apoio e solidariedade ao governo e ao povo do Catar.

Senhoras e senhores,

A verdadeira segurança não se alcança pela força, mas sim pela construção de confiança, pelo respeito mútuo, pela convergência regional e pelo multilateralismo baseado no direito internacional. Nesse espírito, convido todos a:

  •       Praticar a escuta mútua em vez de elevar as vozes,
  •       Reconsiderar os fundamentos ideológicos da polarização e da violência política, que hoje afetam não apenas a comunidade internacional, mas também criam tensões e caos dentro das sociedades,
  •       Como base comum entre todas as crenças e culturas, evitar impor aos outros o que não desejamos para nós mesmos,
  •       Restaurar e reconstruir a credibilidade das instituições e mecanismos internacionais,
  •      Comprometer-se com o estabelecimento de um sistema de segurança e cooperação regional na Ásia Ocidental.

Senhoras e senhores,

Nós, iranianos, projetamos nosso poder no mundo não pela produção e uso de armas nucleares e o massacre de centenas de milhares de pessoas no século XX, nem pelo genocídio e pela fome impostos às crianças de Gaza no século XXI,

nem mesmo pelos impérios históricos do Irã,

mas por meio de uma cultura de empatia e da mensagem de solidariedade de figuras universais como Molavi e Hafez, e dos versos de Saadi, escritos há 800 anos:

“Os seres humanos são membros de um todo
Criados de uma mesma essência e alma.
Se um membro sofre de dor,
Os outros membros não permanecem em paz.
Se não tens compaixão pelo sofrimento humano,
Não podes conservar o nome de ser humano.”

Criminosos que intimidam matando crianças não merecem o nome de humanidade e certamente não serão parceiros confiáveis. O Irã, apoiando-se em sua antiga tradição de altruísmo, é um parceiro duradouro e um companheiro confiável para todos os países que buscam a paz; uma amizade e parceria que não se baseiam em interesses passageiros, mas em dignidade, confiança e um futuro compartilhado.

Nós, o povo orgulhoso e resiliente do Irã, temos resistido firmemente contra rebeldes sem lei, injustiças, discriminação e padrões duplos — e continuaremos a fazê-lo com orgulho.
Hoje, com uma perspectiva voltada para as oportunidades, transformamos esta conquista histórica do povo iraniano em uma plataforma para um salto esperançoso rumo ao futuro.

Transformemos juntos as ameaças em oportunidades.

Obrigado.

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