O Irã é um país asiático do Oriente Médio que limita a norte com a Armênia, o Azerbaijão, o Turquemenistão e o Mar Cáspio, a leste com o Afeganistão e o Paquistão, a oeste com o Iraque e a Turquia, a sul com o Golfo de Omã e com o Golfo Pérsico. A sua capital é Teerã, a sua língua oficial, o persa e a sua moeda é o rial.
O país sempre foi chamado Irã (Terra dos Arianos), pelo seu povo, embora durante séculos tenha sido referido pelos europeus como Pérsia (de Pars ou Fars, uma província no sul do Irã) principalmente devido aos escritos dos historiadores gregos. Em 1935 o governo especificou que o país deveria ser chamado Irã; entretanto, em 1959 ambos os nomes passaram a ser admitidos. No uso corrente, o termo Pérsia costuma ser reservado para referir-se ao Império Persa em uma ou mais de suas diversas fases históricas (século VII a.C.–1935 d.C.), fundado originalmente por um grupo étnico (os persas) e governado por dinastias sucessivas (persas ou estrangeiras), que controlavam o Planalto Iraniano e os territórios adjacentes.
Persa (Farsi) : É uma das mais antigas línguas do mundo (conhecida desde o século VI a.C) do grupo indo-europeu, ou indo-ariano. Era o dialeto falado na província de Fars de onde deriva seu nome. O moderno persa falado atualmente no Irã deriva do antigo Império Persa, conhecido desde o Mediterrâneo até o rio Indo que era escrito com uma variante do alfabeto Assírio. Com a conquista islâmica no século VII, passou a adotar o alfabeto árabe com algumas letras adicionais, e alguns fonemas adaptados (devido a grande diferença por ser o árabe uma língua semítica). O moderno persa é falado por mais de 40 milhões de pessoas no Irã, além de 5 milhões de falantes no Afeganistão (onde é conhecido como dialeto Dari). As outras variedades do persa são o Tajik, falado no Tadjiquistão (escrito em caracteres cirílicos); o Baluchi (Sistan e Baluchistão), e o Gilaki (de Gilan, norte do Irã). Em diferentes partes do Irã falam-se outras línguas como o curdo, árabe, lori e turco, o azeri (no Azerbaijão), e um outro dialeto turcomano (ao N da província de Khorasan e a L de Mazandaran).
Palavras em português derivadas do persa: xale, pijama, tafetá, cáqui, quiosque, divã, lilás, jasmim, chacal, caravana, bazar, xeque-mate e dervixe.
Um País de Muitas Etnias
A população do Irã é composta por diversas etnias que se miscigenaram durante séculos de migrações. Os persas ou Parsi representam mais de 51% da população e são descendentes dos Elamitas e Arianos, primeiros grupos a habitarem a região e que deram a região o nome de Pérsia. A maioria vive na capital Teerã. Os Azeri são o segundo maior grupo (cerca de 24% da população) e vivem principalmente nos vilarejos na província do Azerbaijão. Os outros grupos são:
- Gilakis e Mazandaranis: formam juntos a terceira maior população do Irã (8%). Vivem no norte do Irã e na costa do Mar Cáspio.
- Curdos: estão espalhados em grande parte do Oriente Médio, incluindo o Leste da Turquia, Nordeste do Iraque, Noroeste do Irã e uma minoria na Síria. Embora estejam presentes na região desde o século II a.C. nunca foram considerados como nação. Eles são 7% da população do Irã.
- Baluchis: cujo nome significa literalmente "Os errantes", são uma das minorias que ainda mantem o estilo de vida semi-nomade, talvez por causa da região extremamente árida onde habitam. Vivem desde o sudeste do Irã até o Oeste do Paquistão. São famosos por serem hábeis cavaleiros e cameleiros.
- Loris: Representam 25 % da população, são parte de origem persa e parte de origem árabe.
- Turcomanos: de origem turca (cerca de 2% da população total do Irã), a maioria vive a Leste da província de de Mazandaran e Norte da província de Khorasan; e próximos da República do Turcomenistão na Ásia Central.
- Bakhtiaris: vivem em partes remotas das províncias de Chaharmahal e Bakhtiari e de Khuzestan, embora muitos deles habitem vilarejos e cidades menores.
- Ghashghais: vivem principalmente na província central de Fars. Muitos ainda são nômades. Como uma minoria da população do Irã, os Ghashghais são de origem turca e sempre foram um grupo muito independente.
- Árabes: Cerca de 3% da população do Irã, a maioria vivem na província de Khuzestan, em algumas das pequenas ilhas iranianas do Golfo Pérsico, e na costa Sul, onde se tornaram "persianizados" e são conhecidos como Bandaris (da palavra persa bandar = "porto").
- Armênios e judeus estão espalhados pelo Irã, a maioria vive nas cidades. Os armênios são particularmente proeminentes em Teerã e Isfahan, são conhecidos negociantes. Os judeus estão no Irã há mais de 2500 anos, mas somente uns poucos milhares permaneceram em Teerã, Shiraz e Isfahan.
A arte iraniana tem uma longa tradição e estilo único, como demonstra sua arquitetura,tapetes, cerâmicas, artesanato em metal e madeira e pintura. O patrocínio de artistas pelo governo data de mais de 2000 anos. O padrão estético anterior a conquista islâmica, assim como a representação estilizada de figuras e padrãoes geométricos influenciaram a evolução da arte no Irã durante o primeiro período da era islâmica (650-1220). Exemplares de objetos elaborados em bronze, cerâmica, ouro e prata deste período são preservados nos museus. A poesia persa também se desenvolveu durante esta época, durante a dinastia Safávida (1501-1722), considerada a época dourada da arte iraniana na miniatura e arquitetura. No século 20, os artistas e escritores iranianos passaram a experimentar novos estilos e técnicas incorporando influencias europeias e da Ásia Ocidental.
Literatura
Desde suas origens no século IX, a literatura persa moderna foi dominada exclusivamente pela poesia. Entre os mais importantes poetas estão Firdawsi, que escreveu o famoso épico do Irã pré-islâmico Shahnameh (completo em 1010); Omar Khayyam, autor do famoso Rubayat e Nezami que escreveu a coletânea de versos conhecida como Khamseh(Quinteto). A poesia persa alcançou o seu auge nos séculos XIII e XIV como os poetas místicos Jalal al-Din Rumi, Sa'di e Hafez. Nos séculos seguintes, após o declínio da literatura persa, durante aproximadamente 5 séculos, a prosa e a poesia consistia em imitações dos grandes mestres do passado. No século XIX a literatura reviveu e continua até o presente. A ficção, especialmente em forma de contos, emergiu como um novo e importante gênero. Na lista dos modernos escritores do Irã estão Mashid Amirshahi, Simin Daneshvar, Ismail Fassih, Houshan Golshiri e Mohsen Makhmalbaf (também diretor de cinema). Os escritores exploram temas que foram proibidos a partir da revolução de 1979, como liberdade política, rebelião contra as autoridades, sátiras à monarquia da época da dinastia Pahlavi. Entretanto, desde a revolução, muitas obras acusadas de serem anti-religiosas foram banidas.
A tradição musical iraniana é marcada por estilos vocais únicos e ricos solos intrumentais. Desde a revolução de 1979, houve um maior resgate do interesse pela música iraniana folclórica e tradicional, ambas transmitidas regularmente nas rádios e emissoras de TV controladas pelo governo. Os músicos mais populares da música tradicional no país sãoHossein Alizadeh, Mohammad Reza Lotfi, Shahram Nazeri e Mohammad Reza Shajarian. No entanto cada cidade tem seu cantor famoso local. A música tradicional inclui instrumentos como o kamanche (espécie de violino), o santur (instrumento de cordas semelhante a harpa árabe), o setar (semelhante ao alaúde) e o tar (ancestral do violão). Muitos músicos iranianos são reconhecidos internacionalmente como virtuoses destes instrumentos. Os grupos folclóricos mais populares são aqueles que apresentam a música Azeri, Curda e Lori, assim como as canções dos marinheiros persas da costa do Golfo Pérsico.
Uma amostra dos mestres da música iraniana Mohammad Reza Shajarian (vocal) e Hossein Alizadeh (tar), acompanhados por Homayoun Shajarian (voz e tabla) e Kayhan Kalhor (kamanche) .
Ouça uma amostra de Shahram Nazeri, músico curdo-iraniano conhecido como o 'Rouxinol da Pérsia'
O Aclamado Cinema Iraniano
Os primeiros diretores de cinema iranianos começaram a produzir na década de 30 e desde então foram feitos mais de 1000 filmes. Muitas vezes, os diretores de cinema iranianos também escrevem seus próprios roteiros. Durante os anos 90, muitos diretores iranianos foram premiados em festivais internacionais como Bahram Beizai, Abbas Kiarostami, Majid Majidi, Mohsen Makhmalbaf e Dariush Mehrjui. Em 1997, Kiarostami ganhou a Palma de Ouro em Cannes com o famoso "Gosto de Cereja" e, em 1999 Majidi concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro com "Filhos do Paraíso" de 1998.
Finalmente, em 2012 o diretor Asghar Farhadi recebeu o primeiro Oscar de melhor filme estrangeiro da história do Irã com o filme "A Separação".
Festas e Tradições Populares
Nowruz: é a festa tradicional iraniana que celebra o Ano Novo do calendário persa (1º dia da primavera). O Nowruz é comemorado por algumas comunidades no dia 21 de março, e por outras, no dia do equinócio de primavera - que pode acontecer no dia 20, 21 ou 22 de março. Celebrado há pelo menos 3000 anos, a data está profundamente enraizada nos rituais e nas tradições do
Zoroastrismo. Fora do Irã, é comemorada no Curdistão, no Afeganistão, nas antigas repúblicas soviéticas do Tadjiquistão, Uzbequistão, Azerbaidjão, Cazaquistão, Quirguistão e por várias comunidades de origem persa, por todo o Oriente Médio. A saudação usual é Nowruz Mobarek (Feliz Ano Novo).
Haft Sîn: Na celebração do Nowruz (Ano Novo), sete itens, cujos nomes comecem com a letra sîn (س) , devem ser dispostos sobre uma mesa ou sobre tapetes do modo mais decorativo possível, em um espaço reservado para receber convidados. Tradicionalmente são estes: (mas também podem ser substituídos por outros que comecem com a letra persa sîn).
- Sabzeh (سبزه) - brotos de trigo, cevada ou lentilha germinando em um prato ou vaso, como símbolo do renascimento.
- Samanu (سمنو) - um doce feito de germe de trigo, simbolizando a afluência.
- Sanjed (سنجد) - o fruto seco da oliveira do paraíso (Eleagnus angustifolia) que simboliza o amor
- Sîr (سیر) - alho, simbolizando remédio ou cura
- Sîb (سیب) - maçãs, símbolo de beleza e saúde
- Somaq (سماق) - frutinha vermelha (Malosma laurina), que simboliza o nascer do sol
- Serkeh (سرکه) - vinagre, simbolizando longevidade e paciência.
Chāhārshanbe Sûri : celebrado na última quarta-feira do ano, momento em que todos saem à rua, fazem fogueiras e saltam, gritando Zardie man az tou Sorkhie tou az man, que significa "eu lhe dou a minha minha cor amarela (doença) e você (o fogo) me dá a sua cor vermelha (saúde)." Também se oferecem doces conhecidos como Ajile Moshkel Gosha como modo de agradecer pela saúde e felicidade do ano anterior. Há várias outras tradições ligadas a essa noite, como os rituais de Kûzeh Shekastan, durante os quais se quebram jarras que simbolicamente conteriam toda a má sorte. Pratica-se também a Fal-Gûsh ou a arte da adivinhação, escutando as conversas dos passantes na rua, e o ritual de Gereh-gosha-î, que consiste em dar um nó em um lenço e pedir à primeira pessoa que passar, que o desfaça, a fim de afastar toda a má sorte.
Sizdah Bedar: O 13º dia do ano novo que encerra as comemorações do Nowruz, é um feriado em que estudantes e famílias saem de casa para comer, brincar e se divertir ao ar livre. Neste dia, todos jogam fora o ramo de Sabzeh da mesa do Nowruz, porque acredita-se que este tenha recolhido todas as doenças, dores e males da família na chegada do ano. Acredita-se que as moças solteiras tem prioridade neste ritual de descartar oSabzeh, pois este pode atrair um bom casamento!
Mehregan: É o festival de Outono ou dia de ação-de-graças onde todos demonstram o merh ou "amor ao próximo", uma das datas mais importantes do ano.
Jashne Sade: Um festival de inverno em honra do fogo e para "deter as forças do gelo e do frio dos dias escuros", onde são feitas fogueiras onde as pessoas ficam em volta para receber as "bençãos do fogo".
Shabe Chelle: Celebraçao do Solstício de Inverno (aproximadamente 21 de dezembro). Termina com a mais longa noite do ano, que simbolicamente representa a vitória da Luz contra as Trevas. Também é conhecida como Shab-e Yaldā (noite do nascimento). É comum comemorar essa noite com frutas como nozes, melancia, romãs e passas.
Fonte: http://chadelimadapersia.blogspot.com.br/p/um-pouco-da-cultura-do-ira.html